O resgate da independência, da autonomia e da qualidade de vida são os principais pontos trabalhados na rotina de reabilitação de Policiais Militares através da Terapia Ocupacional.
Em 2019, Kássia Pena, responsável por essa área, foi contratada pelo Instituto PRÓ-PM para atuar no Centro de Reabilitação da Polícia Militar (CRPM) que além da Terapia Ocupacional, conta com outras especialidades fundamentais no processo de recuperação de Policiais Militares, incluindo Fisioterapia, Fonoaudiologia e Psicologia.
Ao contrário da Fisioterapia, Kássia esclarece que a Terapia Ocupacional é uma área de saúde que atua na reabilitação de pacientes que sofrem com limitações físicas, mentais, cognitivas e até mesmo sociais, que de alguma forma impactam na rotina cotidiana.
A Terapia Ocupacional desempenha um papel essencial na promoção do bem-estar físico, mental e emocional dos Militares, já que são profissionais que enfrentam diariamente situações de alto estresse, riscos à segurança e pressão emocional, o que pode levar a uma série de desafios para sua saúde e qualidade de vida. Nesse contexto, esse processo de reabilitação surge como uma ferramenta fundamental para oferecer suporte e cuidado a esses indivíduos.
No CRPM, a Terapia Ocupacional é exclusivamente direcionada aos pacientes com limitações físicas de membros superiores que podem ser temporárias ou permanentes, mas que afetam a sua independência em tarefas diárias.
“Aqui no CRPM seguimos protocolos de reabilitação com o objetivo de retomar e reinserir o paciente em sua rotina novamente. Podemos destacar o cuidado com feridas, tratamento de cicatrizes, cuidado com edemas, resgate da força muscular e dos movimentos que ficam limitados pelo período de imobilização e adaptações.”
Para a reabilitação de pacientes com limitações neurológicas, como no caso de um AVC (Acidente Vascular Cerebral), Kássia explica que o cuidado também deve ser avaliado sob uma perspectiva holística: “A gente tem que analisar em qual condição aquele paciente vive, como a estrutura da residência, com quem ele mora, quem vai auxiliar esse paciente e o que ele gostaria de fazer sozinho novamente. Eu, como Terapeuta Ocupacional, tenho que reabilitar aquele paciente em um ambiente que faça sentido para a condição dele.”
Qualidade de vida é um dos objetivos de longo prazo que faz parte da programação de reabilitação dos Militares.
Do cuidado com os pacientes, Kássia relembra um dos processos de reabilitação que ficou marcado em sua memória: “Ano passado eu atendi um Policial Militar que chegou até o CRPM com 3 dias de pós-operatório após uma granada explodir em sua mão. Ele passou por um reimplante dos dedos e aqui no CRPM nós fizemos o tratamento das feridas, a troca da imobilização por órtese que eu confeccionei sob medida, cuidado da cicatriz, ganho de força muscular e resgate dos movimentos limitados. Hoje ele está reabilitado, claro que com algumas limitações pequenas por não ter sensibilidade nas pontas dos dedos, mas conseguiu fazer os testes físicos da Polícia Militar após 6 meses”.
Sobre o processo de reabilitação, a terapeuta ocupacional ainda explica que é um trabalho individualizado e integrativo: “Eu tenho que pensar na limitação, no uso daquele membro com a atividade que aquele Policial Militar exerce, não apenas no movimento e sempre com atenção na necessidade daquele paciente.”, conta.
Outra área em que a Terapia Ocupacional pode ser recompensada para os Policiais Militares é no cuidado com a saúde mental. A exposição constante a situações de risco e violência pode afetar o estado emocional e psicológico desses profissionais. O objetivo da Terapia Ocupacional é ajudar a desenvolver habilidades de enfrentamento saudável, melhorar a resiliência emocional e promover estratégias de autocuidado. Esse trabalho em conjunto com psicólogos fornece um cuidado abrangente e integrado.
Um dos diferenciais dos atendimentos no CRPM é justamente a combinação da Terapia Ocupacional com o suporte de um atendimento psicológico aos pacientes: “A Terapia Ocupacional é um trabalho em conjunto com a Psicologia. Os Policiais Militares estão na ativa, são atuantes e quando estão em uma situação de ruptura, precisam desse suporte psicológico também durante o tratamento, principalmente por sentirem muitas dores, então é necessário esse acolhimento.” afirma Kássia.
Sobre o apoio do Instituto PRÓ-PM, a terapeuta ocupacional ainda ressalta: “O PRÓ-PM contribui demais com a reabilitação de Policiais Militares com subsídios e suportes. Casos muito difíceis chegam até nós e o valor da contribuição é pequeno se comparado aos benefícios que o paciente vai receber. Nosso trabalho aqui é muito sério, de extrema importância e muitas vezes a gente atende pacientes que não são sócios do PRÓ-PM, mas acabam associando-se depois do atendimento.”